Em março de 1985, o Brasil vivenciou um episódio que levantou sérias dúvidas sobre a transparência governamental e a manipulação de informações. Tancredo Neves, eleito presidente e prestes a ser o primeiro civil a assumir o cargo desde 1964, foi internado às pressas um dia antes de sua posse devido a uma grave doença. Para acalmar a população e dissipar rumores sobre sua saúde, uma fotografia foi divulgada mostrando Tancredo cercado por seus médicos, aparentemente em recuperação. No entanto, a imagem teve o efeito oposto: o presidente eleito aparecia visivelmente debilitado, quase reclinado no sofá, o que intensificou as especulações sobre seu real estado de saúde. A situação se agravou quando surgiram boatos de que Tancredo já estaria morto no momento da foto, e que uma enfermeira estaria escondida atrás do sofá segurando frascos de soro para manter as aparências. Embora o fotógrafo Gervásio Baptista tenha desmentido essas alegações, afirmando que Tancredo estava consciente e que não havia ninguém escondido, a desconfiança permaneceu. Três horas após a sessão fotográfica, Tancredo sofreu uma grave hemorragia, perdendo litros de sangue pelo reto, o que agravou ainda mais sua condição. Ele faleceu em 21 de abril de 1985, sem nunca ter assumido a presidência. Este episódio levanta questões inquietantes sobre as capacidades e intenções daqueles que detêm o poder. Se, naquela época, foram capazes de manipular informações tão sensíveis, o que não seriam capazes de fazer na atualidade, com tecnologias mais avançadas e meios de comunicação mais sofisticados? A história serve como um alerta para a importância da transparência e da vigilância constante por parte da sociedade civil.