Nos últimos anos, o Brasil assistiu a uma série de concessões de aeroportos à iniciativa privada, com a promessa de que isso resultaria em melhorias significativas na infraestrutura, atendimento aos usuários e desenvolvimento econômico das regiões atendidas. Contudo, a realidade vem se mostrando bem diferente das expectativas.
Promessas não cumpridas
Quando a gestão dos aeroportos foi transferida para empresas privadas, esperava-se que o novo modelo trouxesse investimentos em infraestrutura, maior eficiência operacional e melhores experiências para passageiros e empresas. Apesar de algumas melhorias pontuais em grandes aeroportos, como ampliação de terminais e modernização de espaços, em muitos casos, os resultados têm ficado aquém do prometido.
Um exemplo preocupante é o aumento exponencial dos custos de aluguel de espaços internos, como hangares. Em algumas localidades, os valores triplicaram, impactando negativamente empresas e indivíduos que dependem desses serviços. Essa prática tem gerado um efeito dominó na economia de diversas cidades.
O caso de Marília: um alerta para o setor
Marília, no interior de São Paulo, é um exemplo emblemático do impacto negativo dessa política de gestão. Com o aumento significativo nos custos de aluguel de hangares, muitos proprietários de aeronaves decidiram transferi-las para outras cidades, onde os custos operacionais são mais acessíveis. Essa migração tem provocado uma redução na atividade econômica local, afetando desde empregos diretos no setor aeroportuário até o comércio e serviços da região.
O aeroporto de Marília, que deveria ser um vetor de desenvolvimento, corre o risco de se tornar um entrave para a cidade. A diminuição na movimentação de aeronaves pode impactar a arrecadação de impostos e desestimular novos investimentos.
Reflexos nacionais
O cenário de Marília não é um caso isolado. Diversos aeroportos regionais enfrentam situações semelhantes, evidenciando um problema estrutural nas concessões. A falta de regulação mais rigorosa e a pressão por lucro imediato das empresas gestoras têm prejudicado o desenvolvimento a longo prazo desses equipamentos.
O que pode ser feito?
Para reverter esse cenário, é fundamental que o governo e as agências reguladoras intensifiquem a fiscalização e revisem os contratos de concessão. É necessário estabelecer limites razoáveis para os reajustes de custos, especialmente em espaços essenciais como hangares. Além disso, é urgente implementar políticas que incentivem a permanência de operadores e empresas nos aeroportos regionais, garantindo que esses equipamentos cumpram seu papel de impulsionar o desenvolvimento econômico e social.
Conclusão
As concessões de aeroportos no Brasil foram concebidas como uma solução para os desafios do setor, mas têm gerado uma série de problemas que precisam ser urgentemente corrigidos. O caso de Marília é um exemplo claro de como a busca por lucro pode comprometer o desenvolvimento local e regional. É hora de repensar o modelo e garantir que ele beneficie não apenas as empresas concessionárias, mas também as comunidades e as economias que dependem desses aeroportos.